Essa semana comecei a tricotar minha nova manta. Talvez, por isso me lembrei de "Moça Tecelã", de Marina Colassanti. A história da moça que tece o mundo dos seus sonhos e, quando se assusta com eles, tamanha a cobrança que eles a interpõem, ela os destece, ponto após ponto.
Construir sonhos e descontruí-los logo ali adiante é o que tenho feito ultimamente. Sempre, como a moça tecelã, atrás de algo que envolva os meus dedos, o meu corpo. Um sonho que me consuma, que me faça lembrar de que estou vivo, que ocupe meu corpo apenas com meus próprios e únicos egoísmos.
Eu acho que estou em fase de tecer agora porque já desteci algumas velhas mantas do passado. E, na vontade de que o inverno dure bastante, fico sentindo o calor da lã enquanto teço castelos, palácios e aviões. Talvez, um dia, terei que destecer tudo novamente, mas aí vai depender de como o frio vai se comportar e de como os sonhos vão se tornar realidade.
"Então, como se ouvisse a chegada do sol, a moça escolheu uma linha clara. E foi passando-a devagar entre os fios, delicado traço de luz, que a manhã repetiu na linha do horizonte. "
3 comentários:
CARAMBA!
Amei esse seu post, amei de verdade. Ficou lindo!
Eu tenho aprender a destecer minhas mantas do passado com mais facilidade daqui pra frente e aprender a tecer o mais rápido possível as do futuro!
E que ele seja tão bom quanto o presente...
;)
=*
o que dói é puxar a linha devolta; ver o tempo se esvair no frizo que ficou do esfregar de uma na outra.
é, piegas, eu sei.
mas, né?
Com todo essa lã, esse frio, esse calor, a gente termina sempre por ir e vir.
Mas quem se firmar em constância, termina por perder o melhor, que é conhecer o novo e permitir-se dar por errado.
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